Wednesday, May 25, 2005

Non. Non. Arrête!

O Sol não tardaria a nascer. Ora, ali deitada, dormitando confusamente, sentiu o lençol puxado para trás o suficiente para deixar entrar o corpo do filho mais pequeno de Blaise, que se insinuou ao lado dela, metendo-se no círculo dos seus braços, começando a cobrir a sua face adormecida com uma chuva de beijos.
Constance acordou surpreendida e ficou por um longo momento sem saber o que fazer, incapaz de formular uma forma de conduta adequada a esta intrusão proibida que ao mesmo tempo parecia quase inocente dada a idade do jovem Tarquínio, que não parecia capaz de levar sozinho as coisas mais longe.
Ele estava numa agonia de amor. Emergindo do meio da barragem dos seus beijos de passarinho, ela deu consigo a dizer: «Non. Non. Arrête!», mas ao mesmo tempo que dizia isto sentiu o pequeno pénis palpitante despejar-se contra a seda da sua vagina aquecida.
Que havia ela de fazer? Era um dilema! A rapidez do assalto tinha-a colhido de surpresa.
Ela conseguiu proferir as palavras redentoras sem excessivo pedantismo, mas era já demasiado tarde, o mal estava feito, e a face transfigurada o garoto exprimia a inocência da sua emoção. A arma do crime começava agora a encolher e murchar, ele soltava gritinhos abafados de prazer e enterrou a face entre as mamas de Constance.


Lawrence Durrell
In. «Constance, ou Práticas Solitárias»

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