Thursday, October 27, 2005

Discretamente primeiro


Fim-de-semana com uma amiga e sua filha de 14 anos. Um cravo incomodava a menina. A mãe fora dormir. Cris tirou a calça do pijaminha. Sem nada por baixo, como ignorar a alvura daquela fenda e os lábios carnudos? O pontinho estava próximo ao ânus. Espremi. O dorso dos meus dedos roçando aquele orifício amarronzado. Inevitável foi tocar sua fenda, que se abria, como se abriam já os lábios de minha vagina. "Sabe que saliva ajuda a curar isso?" "Você disse uma vez, né, tia?" "Vou dar um beijo no cravinho pra molhar um pouco, tá bem?" Textura mais lisa das coxas. Lambi o cravinho com a visão linda do ânus marrom-avermelhado, alguns pelos finos ao redor. Discretamente primeiro e depois sem mais rodeios, lambi o cú da menina. Meus orgasmos eram sucessivos. Em seguida procurei os lábios da sua buceta. Carnudos, abertos. Cheirei todo o talho. A resistência se foi. Subi na cama, abri bem as pernas da garota e, de joelhos, lambi sua gruta. Meus dedos em convulsão no meu sexo, meu grelo duro e seboso. Sorvi tudo o que ela produzia, gostinho levemente salgado. Não me lembro de ter me interessado por mulheres antes.

Achilles da Borborema (Rio de Janeiro)

http://www.thepalaceofdesire.150m.com/Textos.html

Wednesday, October 26, 2005

Beijámo-nos e Possuímo-nos Como Dois Inimigos

Saímos do quarto e descemos a escada. Gino tinha passado o braço em torno da minha cintura e beijávamo-nos em cada degrau. Creio bem que nunca uma escada foi descida tão devagar. No rés-do-chão, Gino abriu uma porta disfarçada na parede, e estreitando-me e beijando-me sempre conduziu-me à cave. Já era noite: estava tudo às escuras. Sem acender a luz, ao longo do corredor, muito abraçados e de bocas unidas, chegámos ao quarto de Gino. Ele abriu, entrámos, e ouvi-o fechar a porta atrás de nós. Durante muito tempo ficámos de pé, beijando-nos no escuro. Eram beijos que nunca mais acabavam: se eu queria interromper ele recomeçava, e quando ele parava era eu quem continuava. Depois Gino empurrou-me para a cama e eu deixei-me cair de costas. Gino não cessava de me murmurar ao ouvido, um pouco ofegante, palavras doces e frases convincentes, com a intenção clara de me aturdir, para não me aperceber de que ao mesmo tempo as suas mãos me iam despindo. Mas não era preciso; primeiro porque eu decidira entregar-me, e depois porque eu odiava estes trapos que tanto me tinham agradado antes, e que desprezava agora profundamente.

«Uma vez nua – pensava eu – serei tão bela, senão mais, do que a patroa de Gino e que todas as mulheres ricas do mundo.» Aliás, havia meses que o meu corpo esperava este momento; sentia-o, mau grado meu, fremir de impaciência e de desejo reprimido, como uma fera esfomeada e presa, à qual, depois de um longo jejum, se cortam as prisões e se oferece com que matar a fome. Foi por isso que o acto de amor me pareceu natural, e a sensação de fazer um gesto desusado de modo nenhum se misturava ao prazer físico. Pelo contrário, como acontece por vezes diante de uma certa paisagem que se tem a impressão de já ter visto, quando na realidade é a primeira vez que se oferece ao nosso olhar, eu tinha a sensação de fazer coisas que já tinha feito, não sabia onde nem quando, talvez numa outra vida. Isto não me impedia de amar Gino com paixão, para não dizer com fúria, de o beijar, de o morder, de o apertar nos meus braços até o sufocar. Ele parecia possuído da mesma raiva. Assim, durante um tempo que me pareceu muito longo, neste quartinho escuro, enterrado debaixo de dois andares de uma casa vazia e silenciosa, nós beijámo-nos e possuímo-nos como dois inimigos lutando pela própria vida e procurando ferir-se o mais possível.

Alberto Maravia

In. «A Romana»

Tuesday, October 25, 2005

N o s f e r a t u

Dia nublado. A viúva e a solteirona conversam em banco de jardim. Pára diante delas.
- As senhoras sabem me informar onde fica a rua Dois de Dezembro?
A viúva não se lembrava. A solteirona disse que ficava no Catete. Quando jovem e linda, teve amante naquela rua.
- Catete ou Flamengo?
- É Catete mesmo, tenho certeza.
- E isso aqui - abre a capa de chuva e exibe o membro ereto - pode me informar o que é?
A viúva fica paralisada, pensa que vai morrer. A solteirona se afunda em memórias muito antigas.
“O Vingador volta a atacar. Tome isso!”
Duas manipuladas e ejacula na bolsa da viúva. Vampiro que se alimenta de sustos.
Em casa, registra no caderno preto mais duas vítimas.
Dia seguinte, céu ainda cheio de nuvens. Agindo no outro lado da cidade, questão de segurança. Há duas horas no matagal. Dói a virilha, muito tempo com ereção. Ao longe avista dona de casa com sacolas de compras. O coração descompassa.
Aguarda.
- Com licença, pode me dizer onde fica a rua Uruguai?
- Desculpe, mas não conheço.
- E isso aqui, conhece? - abre a capa e mostra o pênis ereto amarrado com barbante grosso.
A mulher fica tonta. Ele segura uma sacola. Ela senta no chão. Não consegue gritar, a pressão caiu. Desmaia. Ele se ajoelha e aperta o pênis com as mãos. Ejacula no rosto dela.
“O verdadeiro Vingador. Primeiro e único.”
Pensa no caderno preto. Tem que ser um registro muito especial. Foi um dos melhores dias dos últimos anos. Ficaria um tempo sem agir.
Dia de sol. A primavera chegou mais cedo. Não agia há cinco semanas. Trocou a capa de chuva por um paletó. Vestia terno e gravata. Um homem distinto.
Parou na pracinha atrás do colégio de freiras. Aproximou-se das três meninas. Uma usava tranças.
- Você é a Carlinha, filha do Doutor Osvaldo?
- Não. O nome do meu pai é Alfredo.
- E isso aqui - abre o paletó e exibe o membro com um pequeno cinto de couro em volta dos testículos, o que o tornava ainda mais intumescido - você sabe dizer o nome?
As filhotinhas correm enquanto ele suja a calça e geme.
À noite, tudo no caderno.

Chuva fina de primavera. Gosta mais de capa de chuva que das outras roupas. Vai ao parquinho perto do colégio público. Muita menina matando aula. Pára na frente de um grupo.
- Alguma de vocês pode me dizer onde pego ônibus pra Botafogo?
- Não - responde a que fumava. As outras três balançaram a cabeça. Tinham entre dez e doze anos.
- Podem me dizer o que é isso? - abre a capa. O pênis está para fora das calças, incluindo os testículos.
Voam assustadas as pombas. Apenas uma fica. Olha o membro com curiosidade enquanto solta fumaça de cigarro. A ereção vai desaparecendo.
- Por que está amolecendo?
- Porque você ficou olhando, merda!
- Se não era para olhar, por que mostrou?
“A cruel estaca de madeira perfura meu coração sem piedade, é o fim do Vingador.”
O vampiro morre se decompondo sob o sol.

Jorge Brennad Jr
http://www.outrasletras.com.br/perversoes/conto.htm

Thursday, October 13, 2005

Respirando a tarde perfumada


Havia um pequeno bar onde ela gostava de vir, no Verão, tomar sorvete e comer talhadas de melancia. Chegava sempre atrasada, regressando, provavelmente, de qualquer encontro num gabinete de persianas cerradas, mas eu fazia por não adivinhar essas coisas quando a sua boca, maravilhosamente fresca e jovem, procurava saciar nos meus lábios uma infinita sede estival. Talvez na sua memória ainda agonizasse a imagem do homem que acabava de deixar, e no seu corpo arrefecesse ainda o calor dos beijos recebidos. Mas isso não tinha a menor importância; só contava, agora, a suave curva do seu braço que envolvia o meu, e eu gozava uma felicidade completa porque nela não existiam segredos. Era bom estarmos assim, perturbados e ligeiramente embaraçados, um pouco oprimidos pelo conhecimento partilhado do nosso desejo recíproco. As mensagens não se detinham na consciência, atravessavam espontaneamente os lábios entreabertos, os olhos, os sorvetes e a lojeca de toldo vivamente colorido. Éramos uma parte da cidade, e ali estávamos, com os dedos entrecruzados, respirando a tarde perfumada de aromas de cânfora.

Lawrence Durrel

In. «Quarteto de Alexandria - Justine»